Olá a todas e todos ! Bom dia !
Com o objetivo de dinamizar o debate, vou expor, de forma concisa neste primeiro momento, minha visão sobre o objetivo da agroecologia.
Na verdade, penso que devemos falar a respeito disso no plural, ou seja, considerar que se tratam de objetivos.
Em um segundo momento, acredito que os objetivos da agroecologia são multidimensionais e multiescalares, abarcando as dimensões naturais, sociais, culturais, econômicas, técnicas, territoriais etc., assim como desde as escalas micro (local) até as macro (nacional, global).
Significa dizer, em linhas gerais, que a agroecologia não pode prosperar restrita apenas à dimensão “econômica” ou à “natural” e tampouco limitada à escala “local”. Por exemplo: um agricultor camponês que decida fazer a transição agroecológica em sua propriedade e foque apenas na recuperação e conservação dos recursos naturais (água, solos, biodiversidade etc.) terá resultados limitados com este processo caso esteja cercado por fazendas monocultoras que utilizam intensivamente insumos sintéticos (agrotóxicos, fertilizantes, sementes transgeneticamente modificadas etc.).
Ademais, para o (agro)ecossistema local, a contribuição deste agricultor será ínfima.
Por isso, para iniciar o debate, penso que os objetivos da agroecologia são diversos e precisam ser abraçados por todos que estão envolvidos com a produção e com o consumo de alimentos: agricultores, consumidores, lideranças políticas, educadores, pesquisadores etc.
Ademais, acredito que a transição agroecológica deve ser feita paralelamente a uma transição epistêmica, pela qual outros saberes (indígenas, quilombolas, campesinos etc.) sejam inseridos numa relação horizontal com os saberes “dominantes” (científicos) neste processo de promoção da agroecologia no campo, nas florestas, nas savanas e nas cidades.
Deixo, de saída, um pensamento de André Pochon que acredito ser muito valioso para uma mudança de consciência na sociedade sobre a imperiosa necessidade de mudarmos nos hábitos alimentares e de consumo: Choisir son alimentation est désormais un acte politique ! (Pt: Escolher sua alimentação é, doravante, um ato político!)
Abraços fraternos a todas e a todos
Raphael Fernando Diniz
Professor dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
Contato: diniz@ufam.edu.br
